A modelo Tara Lyra que esta na atual capa da Elle Francesa levanta novamente a questão de que a beleza feminina não pertence à magreza extrema frequente nos editais de moda, pelo contrário. É triste, mas nunca conheci alguém que mesmo satisfeita com sua aparência não tenha questionado se deveria ou queria mudar algo. Seja seu peso, sua cor de pele, o tamanho de seus seios, enfim. Além disso, trabalhando como atriz sou frequentemente requisitada a ser mais magra. "Você é novinha, tem um rosto bom, mas se um dia você quiser trabalhar na televisão - e é ali que mora o dinheiro - é melhor emagrecer uns 5 quilinhos". Frase cheia de preconceitos, mas com base em fatos dolorosos, basta assistir às novelas e batalhar por seu teatro e alguma estabilidade financeira para perceber.
Engraçado como raramente me incentivam tão enfáticamente quanto a formação ou a buscar referências culturais para ser uma artista melhor. Quando não era emagrecer - um "problema", mais "urgente" - a questão eram meus seios. Pequenos. Bonitos. Como diz uma personagem de Nelson Rodrigues cheia de malícia.
A moda do silicone cruzou meu pensamento rapidamente. Se eu decidir vai ser só um pouquinho para "continuar natural", dizia. Mas ao saber da possibilidade de perder um pouco da sensibilidade pensei: QUEM FARIA ISSO???? Trocar o prazer, pela estética. Uma amiga tempos depois, respondeu, ela era tão travada com o tamanho dos seus seios, que não conseguia ter qualquer prazer em tocar ou ser tocada, sua vergonha- sim vergonha!- a impedia de se permitir ter prazer. Ela travava. Depois do silicone, ela passou a se sentir desejada e ficou mais feliz. Compreendi a escolha -um problema psicológico, que foi resolvido (será?) com alguma economia até - analise poderia custar mais e demoraria muito mais. Mas, a verdade é que fiquei extremamente frustada com o aparente beco sem saída psicológico em que ela se meteu.

O Capitulo7 do livro "Mulheres que correm com lobos" (já citado neste blog), "O corpo jubiloso: A carne selvagem ", fala justamente da importância de compreender o poder no corpo, de forma a aceitá-lo em todas as suas formas - que costumam nos dizer algo sobre nós mesmas (nossa história, nossa psique, quem foram nossos ancestrais). O capitulo nos leva também a refletir o quanto as mulheres são constantemente levadas para longe de sua natureza por exigências de um padrão estético social idealizado e doente. Vale a pena ler o livro.
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Esta linda foto de Tara, circulou bastante pelas redes sociais em uma resposta-protesto sobre uma propaganda bem infeliz das academias Runner em São Paulo . |
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